Prevista para durar dois anos, medida é resposta ao custo médio milionário de imóveis no país.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou na última semana que estrangeiros estariam proibidos de comprar imóveis no país pelos próximos dois anos. A medida tenta estabilizar os preços crescentes no mercado imobiliário do país, em que cidadãos não conseguem comprar, mas, cada vez mais imóveis (um em cada cinco comprados) ficam vazios pela especulação de proprietários asiáticos abastados.
Segundo especialistas, a medida é insuficiente para resolver o problema da oferta de imóveis, e inócua para impedir que estrangeiros comprem, se quiserem. Por outro lado, os estrangeiros representaram apenas 1% das aquisições de imóveis no país em 2020, ante 9% em 2015 e 2016.
A proibição exime os estrangeiros que têm residência permanente no país e estudantes e trabalhadores vindos de outros países.
Só em 2021, os preços subiram mais de 20%, elevando o valor médio de venda dos imóveis a 817 mil dólares canadenses (US$ 650 mil ou mais de R$ 3 milhões). Com a renda média das famílias canadenses, seriam precisos nove anos para comprar um imóvel. Conforme os dados da OCDE, o descolamento entre os preços de imóveis e a renda das famílias no Canadá é um dos mais dramáticos do mundo.
O custo elevado dos imóveis no país também é atribuído à escassez de oferta, devido a regras que restringem a expansão do mercado imobiliário. Mesmo se houvesse aumento da oferta, seria difícil reduzir os preços, avaliam os especialistas. Com isso, o mercado de aluguéis aquece e favorece ainda mais a especulação.
O problema vem se agravando desde o início da pandemia de covid-19, quando o Canadá reduziu as taxas de juros para reduzir os impactos da crise sanitária sobre a economia, medida que, ao diminuir o custo de endividamento, acabou estimulando a demanda.
Conforme promessa de campanha, Trudeau também tem outras iniciativas para fomentar a construção de novos imóveis e lança novos programas de estímulo, como uma conta-poupança isenta de impostos para compradores de primeira viagem. Ele também pode vir a proibir licitação que favoreça a venda para investidores em vez de moradores.
Com tudo isso, outros governos locais estão pensando em medidas para combater a especulação imobiliária. Em Ontário, fala-se em aumento do imposto para compradores estrangeiros, o que pode aumentar a receita provincial, mesmo que não impeça ninguém de comprar. Esta medida é vista com melhores olhos, em vez de banir os compradores.
O mercado imobiliário do país é particularmente suscetível ao sobe e desce dos juros, o que deve reduzir preços nos próximos meses, conforme eles aumentem. Muitos canadenses assinam hipotecas com prazos de cinco anos – em vez das hipotecas de longo prazo comuns nos EUA e em outros países.